domingo, 19 de abril de 2009

RECORDAÇÃO

Hoje, ao ouvi a nossa canção, Sinti-me no mesmo momento Em que vestida num longo preto, Eu estava a esperar-te; sozinha, ou talvez, Na companhia do som dos meus sapatos A cada meia volta que eu dava. Na taça, o vinho, repetidas vezes; E nas incansáveis consultas ao relógio, Eu via o tempo passar... Presumindo que você não havia mais de chegar... Aquele perfume que exalava no ar, tantas vezes, Eu desejara que o vento a ti o levasse, Para que o sentisse e pudesse de mim, lembrar-se... Mas a terra continuava a girar; o sol estava a raiar, E as velas acesas para aquele jantar, Eu as tive que apagar... Ao livrar-me de todos os adereços Que, sem ti, se faziam supérfluos, Restou-me apenas a beleza natural, Submersa nas águas de uma simples banheira Que acolhera-me para o desfecho duma noite Sem marco diferencial (Áurea Nunes)

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