sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
OS OLHOS DE MINHA MÃE
E quando retornei que olhei nos olhos dela,
Vi um olhar tênue, sem brio... Minha mãe nunca fora assim;
Forte, destemida, desarmava cangaceiro, prendia cobra nos pés,
Domava vaca parida; fazia parto de novilha, entre outros papéis...
Nos meus dias da infância, dentre muitas madrugadas,
Mamãe estava acordada, pondo à mesa, a coalhada.
Em tudo que fazia, havia destreza em suas mãos... Até o
Uniforme de minha escola ela plissava com amor e dedicação.
Guerreira de luz... A meu ver, um refratário no calor do sertão.
Ainda assim, a sua pele fina, parecera um camarão.
E tudo se fazia condizente com a minha mãe presente... Mas
O destino levou-me pra longe dela. E, quando retornei aos
Braços seus, já não a vi destemida, tão forte... O seu
Olhar, estava triste; há dias temia a morte... Havia uma cruz
Nos ombros seus; crucificada estava a sua sorte...
Uma mulher que, aos olhos de sua filha, estivera
No palco da poesia, aos poucos se desfazia.
(Áurea de Luz)
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Aurea!!
ResponderExcluirSeu nome já diz da luz que emana de ti.
Obrigada pela visita em meu blog, pelas lindas palavras e ainda mais pela bela surpresa que me proporcionou ao permitir que eu visitasse esse teu espaço maravilhoso de palavras trançadas harmoniosamente.
Parabéns também pelo dom e pelo bom gosto!
Obrigado, Áurea! Também gostei dos teus textos. Eles têm o quê simbolista que impede o desencanto de penetrar em nossas almas, mas nos resguardam do afogamento em um mar de símbolos impenetráveis. São poemas (ou prosas poéticas) de muito bom gosto.
ResponderExcluirDesejo que continues a escrever e aproveito para perguntar: como chegaste até o meu blog?
Abraços!
Gabriel