
E quando retornei que olhei nos olhos dela,
Vi um olhar tênue, sem brio... Minha mãe nunca fora assim;
Forte, destemida, desarmava cangaceiro, prendia cobra nos pés,
Domava vaca parida; fazia parto de novilha, entre outros papéis...
Nos meus dias da infância, dentre muitas madrugadas,
Mamãe estava acordada, pondo à mesa, a coalhada.
Em tudo que fazia, havia destreza em suas mãos... Até o
Uniforme de minha escola ela plissava com amor e dedicação.
Guerreira de luz... A meu ver, um refratário no calor do sertão.
Ainda assim, a sua pele fina, parecera um camarão.
E tudo se fazia condizente com a minha mãe presente... Mas
O destino levou-me pra longe dela. E, quando retornei aos
Braços seus, já não a vi destemida, tão forte... O seu
Olhar, estava triste; há dias temia a morte... Havia uma cruz
Nos ombros seus; crucificada estava a sua sorte...
Uma mulher que, aos olhos de sua filha, estivera
No palco da poesia, aos poucos se desfazia.
(Áurea de Luz)
Aurea!!
ResponderExcluirSeu nome já diz da luz que emana de ti.
Obrigada pela visita em meu blog, pelas lindas palavras e ainda mais pela bela surpresa que me proporcionou ao permitir que eu visitasse esse teu espaço maravilhoso de palavras trançadas harmoniosamente.
Parabéns também pelo dom e pelo bom gosto!
Obrigado, Áurea! Também gostei dos teus textos. Eles têm o quê simbolista que impede o desencanto de penetrar em nossas almas, mas nos resguardam do afogamento em um mar de símbolos impenetráveis. São poemas (ou prosas poéticas) de muito bom gosto.
ResponderExcluirDesejo que continues a escrever e aproveito para perguntar: como chegaste até o meu blog?
Abraços!
Gabriel